Consertando pelo Método Confuso

A inspiração para este título, Consertando pelo Método Confuso, me veio do título do livro de Mendes Fradique, História do Brasil pelo Método Confuso, publicado em 1920.

Entretanto, mais de 100 anos depois da publicação do livro, parece que ainda continua bem atual, eu diria, não apenas a História do Brasil, mas também os métodos de conserto de aparelhos eletrônicos, em geral, por parte de alguns “técnicos” por aí.

E por que me veio a ideia de escrever um post/paródia intitulado Consertando pelo Método Confuso?

Volta e meia recebo e-mails com “pedidos de ajuda” de alguém que está as voltas com o conserto de um equipamento eletrônico ou coloca seu “pedido” nos comentários de algum post que publiquei e que, às vezes, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o assunto do referido post.

Fico a pensar se o dito cujo leu realmente o post e se leu, então não entendeu nada do que lá estava escrito e confundiu alhos com bugalhos.

Não posso, neste momento, deixar de lembrar da anedota do sujeito que ao ver um volume no bolso da camisa de um amigo, pede-lhe um cigarro, supondo ser um maço da droga lícita porque paga impostos o que o amigo trazia no bolso e o amigo, responde – não fumo, isso é um frasco de colírio.

Com um rápido senso de oportunidade o “pedinte” diz – então, pinga duas gotinhas nos meus olhos!

É mais ou menos assim que, às vezes, me chegam “certos” pedidos de ajuda. Nem respondo quando o “pedido” vem por e-mail e por isso, não divulgo meu whats app, se pelo menos, não vier acompanhado daquela expressão que aprendemos em criança quando queremos pedir alguma coisa a alguém – por favor.

Mas existem os que, embora “conservadores” no que diz respeito as antigas etiquetas da boa educação, não esquecem de pedir “por favor” e até, “agradecem” mas, julgam porém que, talvez pelo tamanho da minha barba branca, eu possua algum dom profético e possa responder perguntas do tipo – meu multímetro não funciona direito, meu micro-ondas não aquece, minha tv não liga e por aí vai concluindo com a pergunta de um milhão de dólares – por quê?

E é aqui começo realmente a falar sobre consertar pelo método confuso.

E o que eu defino como método confuso no que se refere a tentar consertar alguma coisa eletroeletrônica que, supostamente, não está a funcionar como, supostamente, deveria?

Primeiro vale que destacar que usei a palavra “supostamente” duas vezes na mesma frase propositalmente e convido o leitor a refletir sobre cada momento em que a usei.

Vamos combinar que se é “confuso” então, não é propriamente um método e está mais para adivinhação ou sorte.

Por método deveríamos entender seguir uma sequência de passos e, neste caso específico de um conserto ou reparo, o primeiro deles deve ser, obrigatoriamente, saber como a “coisa” funciona ou deveria funcionar.

Mas, para saber como uma “coisa eletroeletrônica” (que é neste caso o que se está a tentar consertar) funciona ou deveria funcionar é preciso saber, antes de tudo, conceitos básicos de eletricidade e eletrônica e, em alguns casos, não apenas os básicos mas, também alguns mais “avançados”.

Em última, análise ter uma formação técnica~

Neste ponto tenho que concordar que no Brasil, isso está cada vez mais difícil.

Foi pensando no assunto que eu criei em 2017 o Clube Aprenda Eletrônica com Paulo Brites.

A ideia seria fornecer aulas on line conceituais e práticas de eletricidade e eletrônica por tempo indeterminado.

Reconheço que fui ousado de mais na proposta e tive que dar uma parada no Clube e reformular o modelo.

Pretendo apresentar novidades até junho próximo.

Voltando ao “método confuso” eu poderia incluir nele também o expediente bem usual  de querer consertar sem saber nada ou quase nada e sair a perguntar nos fóruns e grupos qual a solução para o problema que aflige o suposto técnico.

E classifico de “confuso” porque, provavelmente, algumas pessoas altruístas e ávidas por ajudar vão oferecer a solução mágica que funcionou no seu caso específico que talvez não seja o mesmo do perguntador.

E aí, provavelmente, vai começar a confusão, sem saber exatamente o que está a fazer, o “técnico” transforma um defeito simples em vários que nem “todas as mandingas” irão ajudar.

Neste momento, se você teve a paciência de ler até aqui, deve estar a querer me perguntar:  – então, qual o método não confuso?

Para não me estender mais ainda este post sugiro que CLIQUE AQUI e leia Sherlock Holmes e o conserto de aparelhos eletrônicos que publiquei aqui no site em 20 setembro de 2018 caso ainda não tem lido.

Se leu e ainda continua tentando consertar pelo método confuso, talvez seja hora de ler de novo a menos que queira passar o resto da vida sendo “técnico forunfeiro ou yutubeiro” aí, sinto muito, mas não posso ajudar!

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Paulo Brites

Técnico em eletrônica formado em 1968 pela Escola Técnica de Ciências Eletrônicas, professor de matemática formado pela UFF/CEDERJ com especialização em física. Atualmente aposentado atuando como técnico free lance em restauração de aparelhos antigos, escrevendo e-books e artigos técnicos e dando aula particular de matemática e física.

Website: http://paulobrites.com.br

2 Comentários

  1. Antonio Feitosa

    Bom dia mestre, gostei muito do post, e quero aqui agradecer por não desistir de insistir, que não existe outro caminho para se aprender algo, à não ser sentando a bunda na cadeira e estudar, desculpe a palavra.

    E outra coisa que fiquei feliz, foi na parte que disse, que até o mês de Junho próximo, terá novidade sobre o treinamento, aprenda eletrônica com Paulo Brites, pois, fiz parte do seu treinamento, à uns 4 anos atrás, mas parei porque ganhei uma bolsa de estudos para engenharia elétrica, não me formei, pois, na empresa que trabalho estava tendo uns cortes de funcionários e tive que mudar para o turno da noite, isso se não quisesse perder o emprego, e não poderia perde-lo, ainda mais na época forte da pandemia, e aqui estou eu, sempre lendo seus post, e esperando a volta do aprenda eletrônica com Paulo Brites.

    Forte abraço.

    • Paulo Brites

      Olá Feitosa,
      Lá pelos idos de 1976 eu abandonei o bacharelado em Matemática na UFRJ no início de sexto período por uma razão parecida e portanto, entendo o que é isso. Em 2005 consegui voltar graças ao EAD e tirar minha licenciatura pela UFF em 2008. Graças a ela consegui uma segunda matrícula no Estado. A vida é a assim, o importante é não desistir nunca.
      Quanto as aulas elas irão seguir o modelo que estou usando no Curso de Osciloscópio. Um pacote fechado com numero de aulas pre definidos.
      Desistir jamais!
      Abraços

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