O testador DY294 – Tudo que você precisa saber sobre ele e ninguém conta para você PARTE II

Na parte I deste artigo, que se você ainda não leu nem assistiu o vídeo recomendo que o faça primeiro, apresentei uma descrição geral do equipamento, de todos os testes que podemos realizar com ele e alguns exemplos práticos, mas, nem todas as possibilidades foram exploradas.

Nesta segunda parte avançarei mais um pouco antes, porém, gostaria de tecer algumas considerações sobre comentários, sempre bem-vindos, postados no vídeo da parte I no meu canal no Youtube.

Um deles referia-se à não ser necessário o uso de uma fonte externa, uma vez que o consumo do aparelho é baixo que, segundo o manual do fabricante, é 48mA em condições estáticas.

Entretanto, vale ressaltar que o consumo irá ultrapassar este valor, a depender do teste que se estiver a realizar.

O próprio fabricante recomenda em seu manual o uso de uma fonte estabilizada de 6V para 3A e até disponibiliza no painel um conector para ligá-la por isso, preferi utilizá-la, para evitar medidas duvidosas casos as pilhas estejam “fracas”.

Outra questão mencionada é sobre a utilidade de se usar este aparelho, principalmente para teste de capacitores e aqui eu acrescentaria outros componentes.

Nunca é demais lembrar que vivemos na Era da Falsificação portanto, devemos, SEMPRE que possível, testar os componentes que compramos, desde um simples resistor até os semicondutores, o que começou a exigir métodos “mais sofisticados” de testes.

Foi-se o tempo que um multímetro analógico resolvia tudo ou “quase tudo”.  Éramos felizes e não sabíamos!

Ao longo deste post e assistindo o vídeo que o acompanha você irá se surpreender ao ver problemas de isolamento em capacitores que passam “batido” nos testes convencionais e provocam aqueles “defeitos misteriosos”.

Postas estas considerações, agora sim, nesta segunda parte, tratarei do teste dos seguintes componentes:

  • SCR E TRIAC
  • VARISTORES
  • RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO DE CAPACITORES

Há ainda a possibilidade de se testar FETs e IGBTs com DY-294, mas isto ficará para a parte III, porque antes vou preparar um artigo sobre algumas “coisinhas” que muita gente não sabe sobre estes componentes.

TESTE DE SCR

Sabe-se que o SCR é um diodo retificador unidirecional controlado, ou seja, só conduz quando gatilhado então, basicamente precisamos realizar três tipos de teste nele:

  • Se há curto-circuito entre anodo-cátodo, o que pode ser realizado com um multímetro analógico ou digital.
  • Se o SCR conduz e permanece conduzindo quando é gatilhado e para de conduzir quando curto circuitamos anodo/cátodo. No meu e-book Testando Componentes Eletrônicos eu apresento um JIG para este teste embora também se possa utilizar um multímetro.
  • Se o SCR “suspeito” passou nos testes anteriores, não para por aí, precisamos verificar a sua tensão reversa de ruptura e é aqui que o DY-294 pode ser útil quando compramos um SCR para saber se “verdadeiro ou fake”.

A ideia não é usar o DY-294 para testar um SCR retirado de um circuito que estamos reparando para saber se ele está defeituoso ou não. Neste caso utilizamos o que já foi tratado nos os itens 1 e 2 acima.

O que desejamos, com o DY-294, é testar um SCR “novo” para saber se ele está dentro das especificações do data sheet para tensão reversa, ou seja, se é “verdadeiro” ou falso.

Entretanto, ainda que ele passe neste teste, não podemos garantir que o SCR suportará a corrente especificada, pois isto o DY-294 não é capaz de medir embora a chance de ser confiável seja grande. O jeito é colocar no circuito e cruzar os dedos!

TESTANDO SCR COM DY-294

O primeiro passo é ter o data sheet em mãos para saber a posição dos terminais anodo, cátodo e gate, bem como as especificações de tensão  reversa entre anodo e cátodo.

Testando a tensão de ruptura reversa do SCR

  • Ligue o terminal do anodo do SCR ao borne correspondente ao emissor e o terminal do cátodo do SCR ao borne do coletor.
  • Coloque a chave rotativa do DY-294 na posição V(BR) NPN em 1000V.
  • Pressione a chave TEST o LED HV deverá acender. Veja a leitura no display que deverá ser igual ou maior que o especificado no data sheet.

NÃO TOQUE NOS TERMINAIS DO SCR OU NA PARTE METÁLICA PORQUE PODEMOS TER ALTA TENSÃO NELES.

TESTE DE TRIAC

O TRIAC é um retificador bidirecional gatilhado e o procedimento de teste seguirá o mesmo método utilizado para o SCR.

Primeiro verificamos se ele está funcionando conforme os itens 1 e 2 utilizados para o SCR e depois testamos a tensão de reversa de ruptura com o DY-294.

TESTE DE VARISTOR

Certamente você já encontrou uma pecinha como esta na entrada de algumas fontes chaveadas logo após o fusível e, se não sabe o que é nem para que serve, recomendo a leitura do meu artigo “Para que serve um varistor.

O que vamos testar é a tensão de ruptura usando a posição V(BR) NPN de 1000V.

Mais uma vez iremos precisar do data sheet para saber o valor desta tensão.

1) Ligue os terminais do varistor nos bornes Coletor/Emissor ou de Cx .

2) Coloque a chave rotativa na posição 200V ou 1000V de V(BR) NPN

3) Pressione a chave TEST e leia a tensão no display.

TESTE DA RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO DE CAPACITORES

Este é um dos testes mais interessantes que o DY-294 é capaz de realizar e que, certamente, irá surpreendê-lo.

Fomos habituados, desde criancinha, a verificar fuga ou curto em capacitores que, na verdade, é a resistência de isolamento do dielétrico, utilizando a escala mais alta de medir resistência de um “bom” multímetro analógico.

Quando digo “bom”, estou a querer dizer instrumentos de 50kohms/volt, ou seja, que utilizam a famosa bateria de 22,5V, como um SANWA 320X ou AF105, por exemplo.

Isto sempre funcionou ou, pelo menos, pensávamos que funcionava, entretanto veremos no vídeo que acompanha este post que há exceções e aqui é que está o principal diferencial do DY-294.

Ele vai nos mostrar qual a tensão máxima que o capacitor suporta, o que está relacionado a resistência de isolamento do seu dielétrico. 

O teste pode ser realizado em qualquer tipo de capacitor, seja ele cerâmico, poliéster, eletrolítico e no caso deste último precisamos estar atentos à polaridade.

Colocamos o capacitor nos bornes C+ e C-, giramos a chave para posição NPN (BR) 200v ou 1000V a depender da tensão de isolamento do capacitor e em seguida pressionamos a chave TEST, mantendo-a pressionada, enquanto o LED HV estará acesso, vamos observando a tensão no display subir até atingir o valor máximo de tensão que o capacitor suporta.

O teste poderá demorar um pouquinho a depender da capacitância do capacitor.

IMPORTANTE

  • O TOQUE NOS TERMINAIS DO CAPACITOR QUANDO RETIRÁ-LO DO DY-294.
  • DESCARREGUE O CAPACITOR DE PREFERÊNCIA USANDO UM RESISTOR.
  • NUNCA DESCARREGUE O CAPACITOR LIGADO NOS BORNES DO APARELHO.

Por enquanto é só.  Aguardem para breve a parte III sobre testes de FETs e IGBTs.

5/5 - (1 vote)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *